O sangrento conflito no estádio egípcio de Port Said, durante o jogo entre Al-Masry e Al-Ahly, despertou novamente uma velha discussão: a da segurança em estádios de futebol. Seja por superlotação, briga de torcidas ou até incêndios, a história já testemunhou inúmeras tragédias em locais que deveriam ficar reservados à prática desportiva. Relembre 12 desastres com vítimas fatais em estádios do futebol mundial.
Burnden Park, Bolton (Inglaterra), 9 de março de 1946
Centenas de torcedores entraram no Burnden Park sem ingresso para assistir a Bolton x Stoke, pelas quartas de final da Copa da Inglaterra. A superlotação - mais de 85 mil pessoas - causou o desabamento de uma arquibancada, matando 33 pessoas e ferindo outras 500. Incrivelmente, o jogo foi apenas brevemente interrompido e depois retomado, terminando com empate por 0 a 0
Escócia), 2 de janeiro de 1971
Após o Rangers empatar no último minuto um clássico com o Celtic, uma confusão generalizada na saída causou o esmagamento e a morte por asfixia de 66 pessoas, além de ferir outras 150 (na foto, o ex-técnico Walter Winterbottom, à direita, deixa uma reunião após o desastre). O Ibrox já havia sido palco de tragédia em 1902, quando uma arquibancada caiu e matou 25 em um Escócia x Inglaterra
Valley Parade, Bradford (Inglaterra), 11 de maio de 1985
Morreram 56 pessoas e mais de 250 ficaram feridas no incêndio da tribuna principal do estádio do Bradford City, em um jogo da terceira divisão do Campeonato Inglês contra o Lincoln City. Seria o jogo da festa do titulo do Bradford, que conquistara o acesso à segunda divisão. O fogo teria começado com um cigarro atirado por um torcedor para debaixo das arquibancadas.
Heysel Stadium, Bruxelas (Bélgica), 29 de maio de 1985
Talvez a tragédia mais famosa do futebol, por ter acontecido na final da Copa dos Campeões da Europa entre Juventus e Liverpool. Torcedores rivais se desentenderam antes do jogo, e os ingleses invadiram o setor reservado aos italianos; durante a fuga dos juventinos, uma parede desabou. O resultado foi um saldo de 39 mortes, 117 feridos e suspensão de 5 anos de clubes ingleses das competições europeias (6 para o Liverpool).
Hillsborough Stadium ,Sheffield (Inglaterra), 15 de abril de 1989
O maior desastre do futebol britânico aconteceu quando o estádio do Sheffield Wednesday ficou superlotado para a semifinal da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest. Com milhares entrando por um portão que a polícia havia deixado aberto para saídas, pessoas próximas à grade ao lado do gramado foram esmagadas, e a estrutura desabou. Foram 96 mortos, a maioria por asfixia, e mais de 700 feridos.
Estádio Armand Césari, Bastia (França), 5 de maio de 1992
A diretoria do Bastia quis aumentar em 50% a capacidade de seu estádio com a instalação de última hora de uma arquibancada adicional, para a semifinal da Copa da França diante do poderoso Olympique de Marselha. A nova estrutura, porém, não aguentou o peso dos torcedores e desabou logo antes do início da partida, matando 18 pessoas e ferindo mais de 2 mil.
Estádio Mateo Flores, Cidade da Guatemala (Guatemala), 16 de outubro de 1996
Em outro caso de superlotação, mais de 80 pessoas morreram e outras 150 ficaram feridas em uma "avalanche humana" na partida entre Guatemala e Costa Rica, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1998. O desastre foi desencadeado pela venda de centenas de ingressos falsos, deixando o estádio com mais torcedores do que era possível abrigar.
Ellis Park, Johanesburgo (África do Sul), 11 de abril de 2001
Com capacidade para 60 mil torcedores, o Ellis Park pode ter recebido até 120 mil no fatídico clássico entre Kaizer Chiefs e Orlando Pirates em 2001. Quando os Pirates marcaram um gol, milhares de torcedores tentando entrar causaram um atropelamento de pessoas, e a confusão foi piorada quando a polícia jogou gás lacrimogêneo na multidão. Foram 43 os que morreram pisoteados, e 150 feridos.
Acra (Gana), 9 de maio de 2001
Após o Accra Hearts vencer o rival Asante Kotoko por 2 a 1, torcedores da equipe derrotada se enfureceram e começaram a atirar objetos no gramado. A polícia reagiu com gás lacrimogêneo e causou pânico na multidão, que fugiu desordenada, causando a morte de pelo menos 130 pessoas por esmagamento e asfixia. A equipe médica já havia deixado o estádio quando o desastre aconteceu
Estádio da Fonte Nova, Salvador (Brasil), 25 de novembro de 2007
Uma das maiores tragédias do futebol brasileiro aconteceu quando uma das arquibancadas da Fonte Nova desabou aos 43min do 2º tempo da partida entre Bahia e Vila Nova, pela Série C do Brasileiro, que recebeu 60 mil torcedores. Sete pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas. Posteriormente, investigações constataram que a estrutura do estádio estava em péssimo estado, e o local começou a ser demolido em 2010.
Estádio Félix Houphouët-Boigny, Abidjan (Costa do Marfim), 29 de março de 2009
Um atropelamento de pessoas causado por superlotação e pânico em massa causou a morte de 19 torcedores e deixou outros 130 feridos, antes da partida entre Costa do Marfim e Malaui, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. Mesmo com a tragédia, a partida não foi cancelada, e os marfinenses golearam por 5 a 0.
Port Said Stadium, Port Said (Egito), 1º de fevereiro de 2012
Após a vitória por 3 a 1 do Al-Masry sobre o Al-Ahly, centenas de torcedores invadiram o gramado do estádio de Port Said, provocando confusão generalizada com grupos rivais e com a polícia. Os conflitos causaram oficialmente 74 mortes e mais de mil feridos. O governo egípcio falou até em premeditação de grupos políticos organizados por trás da tragédia; o país vive atualmente sob o comando de uma junta militar
A questão da segurança nos estádios cairá mais a tona na Copa do Mundo que vem aí no Brasil. Podemos esperar por uma Copa tranquila?
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